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October 5, 2020

"O Deserto Cresce"* aforisma de Nietzsche.


Ao fazer planos, estamos lançando sobre acontecimentos futuros aquilo que julgamos serem 'lições do passado'.  É bem sabido que a humanidade nem teria vingado como espécie sem tal capacidade de traçar rumos com base em erros, acertos, medos e alegrias já vivenciados.
À primeira vista, pois, parece ser verdadeiro o conselho que nos transmitem, sempre com pose de grande sabedoria, segundo o qual 'quem desconhece o passado está condenado a repeti-lo'.
Reflitamos um pouco a respeito: 'condenado' não soa como uma palavra apropriada aí, pois dá a impressão de aplicar-se apenas a vivências negativas. Podemos melhorar a frase assim, talvez: 'quem desconhece o passado está destinado a repeti-lo'. 
Basta para que o tal conselho se torne sempre verdadeiro?
Vejamos quais pressupostos implica:
1º) Só será um conselho útil quando tivermos certeza de não ter errado na interpretação dos fatos pretéritos, condição imprescindível para dar validade às causas e mecanismos deles inferidos, que nos permitam reproduzir situações, evitar ou propiciar consequências.  

2º) A opção metafísica de que em nosso mundo vale um rígido determinismo. 

3º) Nossa incapacidade para dar respostas criativas superiores às que foram dadas no passado para problemas semelhantes ou idênticos.

Nietzsche aponta um grave incoveniente de reagirmos aos desafios do presente sempre com as soluções que nos ensinaram. Dada a quantidade crescente de registros de memória ao longo das gerações, potencializada pela escrita, pela imprensa e outras tantas novidades tecnológicas, estamos todos fadados a perder progressivamente a liberdade de tomar decisões próprias, incapazes de viver nosso presente com espontaneidade,  amordaçados mais a cada dia por erros e/ou acertos de quem nos precedeu. Em nome de existências concretas supostamente mais seguras, nossas vidas tornam-se alheias a nós mesmos,  vazias de significado pessoal, determinadas por escolhas ditas 'as melhores possíveis', mas sobre as quais já nem sabemos quem as criou, nem em que circunstâncias concretas foram feitas.
Mesmo ali onde a vantagem de seguir o conselho passado pode parecer muito óbvia,  o alheamento crescente de nossas decisões evidencia o esvaziamento do sentido de viver.

*"O deserto cresce: ai daquele que esconde desertos!" é um aforisma de F. Nietzsche, que aponta para o esvaziamento crescente de sentido da existência, destino humano inexorável. Está na quarta parte de 'Assim Falou Zaratustra'.

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