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February 13, 2014

#ESQUERDA OU #DIREITA: #MANIQUEÍSMO, PREGUIÇA E MISÉRIA DE #PENSAMENTO

O grave erro dos maniqueístas, desde a antiguidade, não tem sido propriamente afirmar que BEM E MAL existam, e que travem luta perpétua. Tal erro tampouco está em sua firme escolha pelo que consideram o melhor, aquilo que seja ditado pelo BEM, ou seja, por preferirem escolhas ÉTICAS.
Tal escolha pelo bem é inerente a nossa condição racional, por mais que nos leve a erros. JAMAIS um ser humano poderá deixar de fazer o que lhe parece a melhor escolha dentre as ações com que se defronta, e dadas as informações de que dispõe.

A MISÉRIA INTELECTUAL DO MANIQUEÍSMO se revela, porém, com toda nitidez nos seguintes traços:

1) BEM E MAL são tratados por seus adeptos como dupla de opostos absolutos;

2) E pior, mesmo quando se tem consciência de estarem em oposição relativa, a boa e a má escolha são tidas por FIXAS, RIGIDAMENTE DETERMINADAS. O que parece conformar-se com a incapacidade humana de perceber que BEM e MAL jamais estão numa relação de oposição estática! Sua coexistência se faz sempre através de INTERAÇÃO DINÂMICA, qual seja, o que hoje é uma boa ação, amanhã pode tornar-se um vetor maléfico, seja sobre o próprio agente, seja sobre outrem, seja sobre comunidades, nações... Aquilo que em certo momento e lugar produz resultados louváveis pode, logo a seguir, e/ou em outro local, mostrar-se a priori como portador de efeitos nefastos caso repetido, mesmo que com modo e intenções idênticos.
Evidentemente é bem mais difícil lidar com essa concepção dinâmica de certo e errado, justo e injusto, bem e mal. Demanda vigilância, informação, questionamentos constantes, flexibilidade, interação profunda com os supostos inimigos, capacidade de dar-lhes ouvidos, de interpretar seus textos, etc. Demanda estudo e dedicação incessantes. Pode deixar-nos inseguros.
Salta a nossos olhos, portanto, que muitos optam por refugiar-se no maniqueísmo simplesmente em razão da LEI DO MÍNIMO ESFORÇO, POR PREGUIÇA, COMODISMO!

Quando conheci a "esquerda", nos idos de nossa triste ditadura, identifiquei-me com a mais nuclear de suas idéias: era 'preciso acabar com a exploração do trabalho do ser humano por outro homem!' Tínhamos que 'acabar com a miséria de legiões de famintos, era preciso libertar o pobre dos grilhões do Estado ditatorial que garantia a expropriação de sua mais-valia, era preciso que o trabalhador pudesse produzir em nome de seus próprios interesses. E não pra enriquecer outrem!' Belos ideais, belíssimas palavras!
Recentemente, uma colega que me conhece de perto, desde os tempos do curso de graduação em medicina, me veio com este comentário: "continuamos sendo de esquerda, lutamos por um mundo melhor, bem ao contrário de você".
Tal colega inspirada nos "consensos" partidários fabricados à moda de Josef Stalin, portanto, arroga-se:

1) saber com clareza o que significa ser "de esquerda" neste nosso momento político brasileiro;

2) pensar que ser de "esquerda" é preferir o BEM, e rejeitar o MAL;

3) antever qual seja o caminho certo pra levar os "legítimos interesses das classes trabalhadoras" (jargão oco dito de 'esquerda') ao poder;

Cá comigo, abandonei esse clichê "esquerda versus direita", quando me dei conta, antes de mais nada, da simplificação grosseira em que implicava. Logo se percebia haver na "esquerda" daquele tempo, e por todo o mundo, um grande número de correntes, em luta sangrenta, até entre elas mesmas, todas presumivelmente merecedoras desse mesmo rótulo 'santificado'. 
O que teriam em comum grupos tão divergentes, e tantas vezes, inimigos? O ideal de fortalecimento do Estado, contra a iniciativa privada exploradora da mais-valia dos trabalhadores? Seria essa uma idéia comum com suficiente força pra unir Deng Xiao Ping, Fidel Castro, Lula, Pol Pot, a guerrilha colombiana, o Partido Comunista Italiano (então ainda na ativa), o PCdoB, o PCB, etc, etc de um MESMO LADO? Se fosse conceito de base literalmente 'geométrica' talvez não gritasse tanto nele o absurdo!
A China de hoje, a meu ver, e sem esboçar qualquer juízo político de valor, mantém uma rígida e cruel ditadura muito semelhante à italiana da década de 30. [Quem percebe diferenças, que as alinhe abaixo, por favor!]. E se diz que é governada por um "Partido Comunista". Pergunto: faz sentido dizer-se que seu governo é de "esquerda"? 
A ditadura da Coréia do Norte, indo de pai para filho há tantas décadas, não se teria tornado hereditária? Algo semelhante não se passa em Cuba, dirigida pela família Castro desde 1959? Tratar-se-ia quem sabe de 'monarquias comunistas'?  Ou será que se poderá um dia identificar algo como um DNA de "esquerda"? Poderia algum tipo de regime hereditário, quase-monárquico, ser considerado compatível com os ideais igualitários de Karl Marx?
Os movimentos de libertação das ex-colônias  européias na Africa, ditos de "esquerda marxista", trouxeram uma diminuição da pobreza, do sofrimento, da miséria e da exploração da gente humilde daqueles países? Ou, pelo contrário, acarretaram uma ainda maior desigualdade social, tornada mais rígida por ditaduras que reforçam e perpetuam o encastelamento de uns poucos ricos no poder?
E ainda neste nosso século XXI, gente stalinista vem dizer-nos, supostamente em nome de estratégia inspirada numa sociedade igualitária futura, idealizada por Marx, que os genocídios levados a efeito por partidários de Stalin, Mao, Pol Pot, entre tantos, se justificam por suas boas intenções? QUE HORROR!
Stalin dizia-se e repetia-se, como que por automatismo que dispensava explicação, seria "de esquerda", já Hitler "de direita"...

"Mas ambos não foram igualmente demoníacos?", pensei um dia cá comigo. "Difícil, impossível, imaginar qual desses genocidas foi pior".

Um colega de faculdade, ao ouvir essa minha ponderação acima, quase foi dizendo: "mas o russo era bem intencionado".
Engoliu a frase, pois lembrar das dezenas (ou centenas?) de milhões de civis inocentes mortos de um lado, idem de outro, me deixou com expressão de forte asco imediatamente ao intuir que meu interlocutor, o P., estava por esboçar a defesa, ainda que fraca, de um deles.
O grande Karl Marx, tão desastrosamente vilipendiado por gente que se dizia e se diz de "esquerda" nos deixou a seguinte frase, plena de verdade:


"O caminho que leva ao Inferno é todo pavimentado com boas-intenções."

Essas senhoras e esses senhores que fazem cara feia, literalmente torcem o nariz, quando declaramos já não poder entender o que querem dizer com esse seu suposto "BEM" inquestionável e absoluto, "a esquerda"; e que, se lhes dizemos que dividir a política nesses dois "lados geométricos" carece hoje do menor dos sentidos, acusam-nos, dedo em riste, até pelo simples fato de já não poder contar-nos ao "lado dos que querem melhorar o mundo", são GROSSEIRA E GROTESCAMENTE MANIQUEÍSTAS!
E esse seu maniqueísmo grosseiro é estático, perigoso. Muito perigoso! Tão perigoso quanto certas seitas fundamentalistas. É parte do núcleo de toda forma muito medíocre de crença ou crendice.



O autor deste ensaio publicou "O Sobrevoo da Coruja de Minerva", romance, pela amazon.com . Ele pode ser acessado através do link (ligação), e pode receber por download uma amostra imediatamente.

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