Cerca de 1 ou 2 meses depois de sua chegada, estando só nós dois em casa, diante de minha recusa a dar-lhe um pedaço de sardinha de meu almoço, depois de muito insistir com seu dengo sedutor, afastou-se de minha mesa e foi latir para a janela da sala, a uns 4 metros dali.
"Que estranho, quase nada se pode ver ou ouvir por ali, daqui deste andar do edifício!"-- pensei.
O que dali se pode ver, distante uns 5 metros, é apenas um pátio de estacionamento bem amplo, sempre deserto.
"Por quê está latindo tanto, coisa que jamais fez? Seria um ladrão alpinista a chegar pelas paredes externas o motivo; ou algum vizinho em apuros, em outro andar? Algum gato perdido; o homem-aranha?"-- sorrindo de tais imagens, eu me perguntava.
E Café latia forte, como se me alertasse de algum perigo iminente. Afastei-me, então, da mesa e fui conferir o que se passava do outro lado daquela janela. Olhei, procurei em detalhe qualquer coisa que pudesse gerar a inquietação do cãozinho, mas nada! Por sinal, de repente me dei conta de que Café já não latia. Onde estava nosso salsicha?
Voltei o rosto novamente pra dentro do apartamento, e eis que com duas patas sobre a cadeira onde eu tentara almoçar, as dianteiras sobre a mesa, Café abocanhava então minhas sardinhas, a lambusar-se em óleo e molho de tomates, com seu olhar de moleque travesso, espertíssimo.
NOTA: Aos que duvidarem de que esse fato tenha demonstrado a capacidade de planejamento maquiavélico de Café, só tenho algo a dizer: Se estivesse em seu lugar, leitor cético, antes de ter presenciado esse assalto a minhas sardinhas, eu também tomaria este relato que lhes faço por um devaneio quase-delirante, ou por uma simples peça de ficção, cujo autor estaria distorcendo fatos, dourando a pílula para ser agradar ao público.
Não obstante meu cruel, finado e radical ceticismo, hoje rio dos limites de nossa ingênua prepotência tão supostamente racional quanto tola, e que tanto subestima a capacidade cognitiva de muitos animais, assim como faz com tantas evidências concretas, que não sabe explicar com as teorias atuais.
Voltei o rosto novamente pra dentro do apartamento, e eis que com duas patas sobre a cadeira onde eu tentara almoçar, as dianteiras sobre a mesa, Café abocanhava então minhas sardinhas, a lambusar-se em óleo e molho de tomates, com seu olhar de moleque travesso, espertíssimo.
NOTA: Aos que duvidarem de que esse fato tenha demonstrado a capacidade de planejamento maquiavélico de Café, só tenho algo a dizer: Se estivesse em seu lugar, leitor cético, antes de ter presenciado esse assalto a minhas sardinhas, eu também tomaria este relato que lhes faço por um devaneio quase-delirante, ou por uma simples peça de ficção, cujo autor estaria distorcendo fatos, dourando a pílula para ser agradar ao público.
Não obstante meu cruel, finado e radical ceticismo, hoje rio dos limites de nossa ingênua prepotência tão supostamente racional quanto tola, e que tanto subestima a capacidade cognitiva de muitos animais, assim como faz com tantas evidências concretas, que não sabe explicar com as teorias atuais.
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