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June 25, 2019

LEI DOS GRANDES NÚMEROS, PAPAI NOEL OU ANJO DA GUARDA?

Picture by Ben White from unsplash @benwhitephotography
"Depus a máscara e vi-me ao espelho.           Era a criança de há quantos anos."                         Álvaro de Campos
Filha Bel, você soube que em maio do ano passado 
perdi meu livro de 'Obra Poética' de Fernando Pessoa? Fiquei muito triste, pois constantemente o lia e relia... Procurei, revirei, voltei aos locais que costumo frequentar: livrarias, lanchonetes, restaurantes, clube e etc. NADA! Pensei, e ainda penso que, talvez em algum desses momentos de arrumação às pressas, tenha ido parar no lixo, misturado por acaso a jornais velhos. 
Como certamente se lembra, trata-se de uma edição luxuosa da 'Nova Aguilar', que já nada publica há muitos anos. Procurei nos sebos da Teodoro Sampaio, em vão. Sugeriram-me consultar os  vendedores da internet, onde encontrei, sim, alguns exemplares dele, mas que hesitei encomendar por desconhecer seu estado de conservação. Decidi que só faria essa compra quando fosse pessoalmente a uma dessas lojas.
Ocupado demais, fui adiando essa busca.
Até em 26 de dezembro do ano passado, lá pelo meio-dia, desci do apartamento pra tomar um café expresso nas redondezas.
Ao chegar à calçada, e virando à Direita, no rumo à Teodoro, noto que atrás de mim uma mulher empurrando um carrinho de supermercado, abarrotado de livros. Como percebe, era um evento bem raro, que logo me chamou a atenção. Ela, que  empurrava o carrinho, vinha com um filho de uns 7 anos, logo passaram à minha frente, pois aproveitava examinar a cena toda. Trazia ali obras de grande valor: poesia completa de Drumond, Guimarães Rosa, Machado, Camões, etc. Comentei: "Parabéns, que bom gosto literário noto nessa tua compra de supermercado!"
Pude entrever naquele amontoado de livros uma 'Prosa Completa' de Fernando Pessoa, da mesma Nova Aguillar, que adquiri junto do volume perdido, e que nunca sai de minha estante, pouco lida, talvez porque o 'Livro do Desassossego' me tenha desassossegado demais antes que chegasse a ler sua terceira página. Bernardo Soares há de me desculpar! Logo abaixo, outro identicamente editado pela Nova Aguillar. Pensei: "Pra mim a prosa pessoana jamais vai ser tão apreciada quanto sua poesia. Alguém quer enviar dois exemplares desse livro fisicamente gêmeo daquele de poesia, mas de conteúdo tão maçante, com certeza pra vender 'gato por lebre' em algum sebo". 
Tentei a seguir ler em que ano haviam sido publicados, pra ter uma idéia de há quanto e por quanto tempo a Nova Aguillar os produzira. Pedi licença pra retirá-los do carrinho.
Eu tinha errado por completo: aquele outro exemplar não era senão a minha tão procurada "Obra Poética" de Fernando Pessoa, a mesma que perdera havia 7 meses. Disse de imediato a bela mulher que conduzia o carrinho: "que maravilha, você tem o livro de poesias procurado por mim há tanto tempo!" E fui direto ao assunto: "Pensando em vendê-lo pra alguém?" 
Ela abrira já o porta-malas de seu carro, onde pretendia colocar todas aquelas preciosidades literárias.
Respondeu: "não estou vendendo! Vejo que você gosta mesmo dele, então te dou de presente!"
Incrédulo, eu disse: "vou passar a acreditar que você é uma anja, que veio me presentear com algo tão procurado por mim há meses"!
Ela: "ora, o anjo é você!"
Tomando meu café, lendo já poemas no meu novo Pessoa, pensei na probabilidade de isso ter acontecido dessa forma, por acaso e  num dia 26/12. Pergunta inevitável: Foi Papai Noel, ou foi um anjo-da-guarda, cuja existência ouvi um rabino assegurar poucos dias antes, no Chanukah, e com toda seriedade! A explicação estatística pela 'Lei dos Grandes Números' bastaria pra liquidar com nosso gosto por eventos mágicos?
Ou a Estatística é uma área da matemática que só nos serve como quantificação de ignorância, e nunca explica fato algum?
Qualquer que seja nossa resposta a tal questão, eventos como esse põem cheque a visão empírico-racionalista que domina a cultura contemporânea já há séculos. A probabilidade de sua ocorrência com todos os seus detalhes, calculada ex-ante, ou seja, antes de ter acontecido, é um limite tendendo infinitamente a ZERO! E dentre tais detalhes, impossível não frisar ter ocorrido em época de dar e receber presentes. 
Lembremos que eventos de probabilidade zero,são considerados impossíveis.

                 xxx


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