Subscribe in a reader

IDIOMAS, IDIOMS, LINGUE

ENGLISH, ITALIANO, PORTUGUÊS
Todas as postagens originais deste blog, com poucas exceções, podem ser lidas aqui, sem a necessidade de recorrer a tradutores automáticos, nesses idiomas acima.
Embora possam alguns dos textos não aparecer nas páginas iniciais, basta pesquisá-los aqui mesmo.

Tutti i post di questo blog, con poche eccezioni, potreste leggere qua nelle tre lingue su dette, senza bisogno di ricorrere a traduttori automatici (come il traduttore
di google). Sebbene possono non essere trovati nelle pagine iniziali, appariranno se ve le cercate.


Original posts on this blog, but for a few exceptions, may be found here in the three above mentioned idioms without need of any automatic translators. Whether not visible in the first pages, the "search this blog" tool will help you to find them easily.

January 10, 2019

A FOLHA PERFUMADA DO JARDIM DE MINHA AVÓ

Ontem, 29/9/2015*, emocionei-me intensamente por ter podido encaixar mais uma peça do quebra-cabeças de mensagens enigmáticas, raras e de poucas palavras que os judeus secretos de minha família transmitiram (só a mim?) com extrema sutileza!
Nesta semana comemora-se a festa judaica das colheitas, o Sukkot, e lendo um pouco a respeito, soube que nela se emprega uma simbologia que relaciona 4 plantas de cultivo a "4 tipos de judeus".
Pois eis a mencionada lembrança enigmática, já de décadas: numa tarde de primavera, lá por 1968-69, com ar solene e misterioso, sem contexto aparente pra isso, minha vó Natividade (cujo nome registrado ao nascer talvez nem fosse esse) me levou a seu jardim. Apontando para certo arbusto, disse "tens que conhecer esta planta, pois é importante e deves cultivá-la". Arrancou-lhe uma pequena folha para que eu cheirasse, pois que "tinha um aroma muito bom", e servia até mesmo como tempero: "tu pegas uma folhinha destas e a pões, por exemplo, num bife que tu preparas, e verás que dá um sabor muito bom à carne..." Nada mais me disse! Suas dicas sutis eram sempre, sempre lacônicas, davam no que pensar, mas sempre sem deixar no ar coisa alguma além da vaga pergunta: "por quê ela me fala disso, e neste momento?" Pareciam sequer deixar espaço pra que eu dirigisse em seguida qualquer pergunta que mais me revelasse.
Quando, depois da morte de meus criptojudeus: pai, avós, tios e primo (criptojudeus é o nome que se dá aos forçados a esconder sua verdadeira religião) pude recompor, por outras vias, o quebra-cabeças de suas falas enigmáticas e instigadoras, logo me veio à mente essa menção dela ao arbusto, à folha perfumada. Mas por mais que procurasse, sequer identificava sua espécie vegetal. Qual seria essa plantinha? Manjericão, manjerona, vários temperos pesquisei, em vão!
Até que ontem, me pus a ler algo sobre o que nesta semana o judaísmo comemora: o Sukkot, a festa milenar das colheitas. Soube, então, que nesta repetem uma simbologia, em que cada uma de 4 plantas de cultivo são referidas a um único dentre os "4 tipos de judeus".
E lá está a plantinha do jardim de minha avó judia: é a MIRTA! 
Eis o significado das 4 plantas-símbolo, e os 4 tipos de relação pessoal com o texto sagrado (leitura da Torá = Bíblia judaica) e/ou a aplicação de seus preceitos éticos na vida quotidiana:

1) A CIDRA, uma fruta perfumada que possui concha branca e espessa. Muitas vezes, colhida da árvore ainda verde, em seguida amadurece e torna-se amarelo brilhante. Tendo fragância e sabor, representa aqueles judeus que estudam a Torá e praticam de fato as boas ações que ela preceitua.


2) O RAMO DE PALMEIRA, com suas belas folhas retas e firmemente presas, é provido de sabor, mas não tem cheiro, por isso representa os judeus que estudam a Torá, mas não fazem as boas ações ali ensinadas. 


3) O RAMO DE MIRTA é outro dos símbolos, e um belo padrão de um trio de pequenas folhas a emergir de um mesmo ponto, que se mantém por todo o arbusto. Chamado de Hadass, o ramo de Mirta tem cheiro, mas não tem sabor, simbolizando aqueles que FAZEM BOAS AÇÕES MAS NÃO ESTUDAM A TORÁ.


4)O RAMO DE SALGUEIRO (
Arava), que tem folhas alongadas com uma ponta fina. Estas não tem sabor, nem cheiro, representando os judeus que não estudam Torá e nem praticam boas ações.


Na festa das colheitas, todos os ramos juntos são agitados diariamente (exceto aos sábados, shabbat) na sinagoga, como um símbolo do domínio de Deus sobre toda a criação.
Os judeus secretos de Portugal, que sobreviveram 500 anos com sua religião viva dentro só de suas casas, não podiam ter sinagogas, nem rabinos, nem sua Torá (o Velho Testamento dos cristãos).
Assim se explica a mensagem de minha avó com essa referência à mirta: "somos judeus, mas não podemos estudar nossa Torá, nem mesmo tê-la em casa. Mas o que mais importa é que somos capazes de manter nossa prática das leis de Moisés"! (Quando se descobria uma Torá oculta na casa de um "cristão-novo", ele tinha grande chance de ser condenado à fogueira da inquisição).


Emocionei-me muitíssimo. Quão grandes foram meu judeus portugueses, que força divina emanava de sua fé!


*16 Tishrei, 5776*



No comments:

Post a Comment

The author looks forward to reading your comments!

O autor aguarda seus valiosos comentários, leitor.