- Resenha de "PODERES PARANORMAIS", de Diane H Powell (neuropsiquiatra pela John Hopkins School of Medicine, com formação complementar no Queen Square and The Institute of Psychiatry, de Londres,bem como na Harvard Medical School)
Pontos principais desse instigante trabalho de uma grande neuropsiquiatra:
Dr Diane Powell não pretende provar a realidade dos fenômenos ditos extra-sensoriais, mas sim conjecturar racionalmente(isentando-se de quaisquer juízos prévios que interfiram com seu pensamento) em torno da possibilidade de os eventos paranormais serem explicáveis por funções naturais, ou seja, nada terem de sobrenatural ou de não-humano. Para tanto, cita e descreve grande número de fatos tidos como manifestação de paranormalidade, não diretamente observados por ela, mas registrados por fontes de confiança, como universidades, agências de segurança do governo federal norte-americano, cientistas de reputação acima de suspeita ( Jung, Einstein, e alguns outros).
Constrói algumas especulações tateando os atuais limites das neurociências, da Mecânica Quântica, da Física Einsteiniana.
Dentro desse contexto emerge ponto nuclear de onde se irradiam suas conjecturas explicativas desses fenômenos enigmáticos: o CARÁTER ILUSÓRIO DE TEMPO E ESPAÇO, tão presente nos estudos de física contemporânea. E, desde Kant com a Crítica da Razão Pura (1782), tão bem postos em termos filosóficos.
Como se sabe, se questionamos a realidade do tempo, a noção de causalidade também está posta em cheque (mate?), como bem observou Jung. Pois só no tempo podem existir sequências causais.
Dando grande prova de brilhantismo científico, esta eminente cientista não nega que pessoas com transtornos neuropsiquiátricos tenham mais fenômenos paranormais do que a população "normal". Todavia, discorda frontalmente daqueles que alegam que isso possa por si só negar qualquer validade às eventuais ocorrências paranormais relatadas por tais pessoas. Drª Powell tece a conjectura de que uma eventual lesão neuronal pudesse ser facilitadora de certas faculdades paranormais, potencialmente comuns a todos os seres humanos, mas que teriam sido inibidas por questões adaptativas, ao longo da evolução de nossa espécie.
Ocorreu a mim, este resenhista, uma imagem para tentar compreender a ilusão humana do tempo: o Universo/Multiverso talvez fosse como um livro, em que um romance completo está impresso. Dada nossa condição humana, todavia, somos capazes de ler apenas numa única ordem: da primeira à última página, do começo ao fim! A Dra Diane Powell talvez gostasse dessa imagem, pois me parece dizer mais ou menos o mesmo com outras palavras neste livro. Assim, os paranormais seriam pessoas, que, por razões desconhecidas, têm acesso eventual a trechos não usualmente percebidos do espaço-tempo.
Há uma edição brasileira desse livro, que recebeu o título, mais comercial que exato ou fiel, de "Poderes Paranormais", Editora Nova Era. A tradução é de boa qualidade, e a revisão técnica é excelente.
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