Comecemos citando um exemplo: Indivíduo 'A' só se interessa por mulheres ruivas. Sua mãe era ruiva, tendo falecido quando tinha 8 anos. Ao saber disto, seu analista interpreta sua preferência como de natureza tipícamente edipiana: Ao desejar apenas ruivas, 'A' em busca do amor materno perdido desde a infância.
Prontamente, conhecedor de elementos básicos do pensamento freudiano, 'A' aceita a 'verdade' da interpretação sobre as preferências de seu desejo. Desse momento em diante, passa a evitar deliberadamente as de cabelos vermelhos. Exerce sobre si mesmo uma censura com base no que toma por 'desejo edipiano'.
Se prosseguir usando desse modo as interpretações dadas pelo analista , passa a comportar-se com base num pseudo-self, uma máscara censora, que decorre de uma submissão às supostas verdades reveladas pelo analista. Máscara fabricada por uma compreensão parca da teoria psicanalítica.
Muda seu comportamento, não por vivenciar de modo diverso os fatos vividos relacionados à mencionada intepretação, mas por atribuir verdade a priori ao que o analista lhe diz.
2)Realidade como Ente Absoluto
Outro equívoco comum, e grave, é a concepção de realidade como um ente absoluto e acessível enquanto tal ao conhecimento humano, e, portanto, também à mente do analista, que, via-de-regra, assume a visão das ciências empíricas contemporâneas como nosso acesso "à realidade".
Assim, outras visões de mundo, alternativas ao empirismo racionalista são rapidamente descartadas como produtos de 'pensamento mágico', de fixação em alguma fase do desenvolvimento infantil.
A dialética desejo-frustração-atribuição de realidade fica empobrecida, pois tem que afirmar uma visão já determinada do que seja o mundo externo, bem como do lugar do sujeito na ordem social de partilha de poder, imposta já antes que se nasça.
Assim, outras visões de mundo, alternativas ao empirismo racionalista são rapidamente descartadas como produtos de 'pensamento mágico', de fixação em alguma fase do desenvolvimento infantil.
A dialética desejo-frustração-atribuição de realidade fica empobrecida, pois tem que afirmar uma visão já determinada do que seja o mundo externo, bem como do lugar do sujeito na ordem social de partilha de poder, imposta já antes que se nasça.
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