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August 19, 2022

O Grandiloquente Juramento de Roberto Bormann

Estatueta de Baco, o famoso deus romano da embriaguez foto deste blogger.

Roberto fumou baseado pela primeira vez numa viagem ao Canadá em visita a parentes que, tendo emigrado da Alemanha na mesma leva em que os pais dele vieram para o Rio de Janeiro, tinham decidido ir viver em Toronto, preterindo assim as delícias de 'nosso paradisíaco clima' (palavras suas).
Aluno dedicado e capaz, por aquele tempo cursava o último ano de famosa faculdade de medicina, dessas cujas vagas são sempre das mais disputadas pelos vestibulandos. Nas férias de julho de 1989, fugindo do feio e fraco inverno paulistano foi conhecer o 'verão ameno' de Toronto, e encontrar seus primos.
'Impressionava ver o uso maciço de maconha no Canadá: praticamente todos na universidade fumavam, o que  era a coisa mais natural pra eles. Minha prima foi quem me ofereceu, e aceitei, o primeiro cigarro'. -- Comentou numa de suas primeiras consultas.
Naquele tempo, ainda não era tão intensa a pressão pela descriminalização do uso de canabis, mundo afora. Provavelmente, apesar de bastante consumida, seguia sendo droga ilícita, mas se fazia vista grossa.
Depois de iniciado no hábito 'puxar um fuminho', aos 23 anos, logo se tornou rapidamente um grande usuário. Não teve sorte, pois não lhe tardou um primeiro surto psicótico paranoide, evento arrasador  que atinge uma porcentagem pequena, mas nada desprezível dos maconheiros.
Roberto veio a meu consultório pela primeira vez já depois de ter tido uns três surtos, no intervalo entre os quais tentava recuperar sua produtividade, sua vida afetiva, seus estudos, um  projeto de vida.
Embriagava-se, então, associando bebidas alcoólicas, cocaína e canabis.
Foram inúmeras nossas tentativas de afastá-lo de sua dependência, e, durante o ano de tratamento comigo, chegou a ter períodos promissores de abstinência parcial, nos quais dizia: 'só três baseados por semana, um único papelote de pó no sábado e quase nada de álcool'. 
Esses números eram confiáveis, e no seu caso uma abstinência total no curto prazo não seria meta nada realista.
Ao períodos de uso moderado, alternavam-se alguns de recaída, às vezes preocupante.

Estava, naquele fim de verão de 99 num renovado período de abstinência, quando diante de mim, com toda pompa e força, proferiu aquele solene juramento, síntese de nossos esforços conjuntos, meus e dele, para afastá-lo da miserável vida que vinha sendo sua sina
.
Logo ao início da consulta, disse ter resistido à tentação de sair na noite de sábado, fazia uns três dias, com uma 'turma da pesada', com quem inevitavelmente teria consumido em poucas horas muitas doses de drogas várias.
Eu o parabenizei enfaticamente!
Em seguida a esse meu entusiasmado cumprimento, gesticulando à moda italiana (pra me imitar?) e com absolutas seriedade, ênfase e veemência retórica, ele disse:

-- Doutor Wagner, pois esteja o senhor absolutamente certo e seguro do que agora lhe digo, que vem do mais fundo de meu coração e de minha consciência:
'Eu, Roberto Bohrmann, juro por Deus, D’us, 
deuses, a-teuses
 , Budas e Bodisatvas, que NUNCA MAIS NA MINHA VIDA VOU FUMAR MACONHA, NEM CHEIRAR COCAÍNA NEM INGERIR QUALQUER OUTRA DROGA QUE ALTERE MINHA CONSCIÊNCIA!  NUNCA, NUNCA, JAMAIS!'

Fez-se um silêncio completo de uns 60 segundos naquela sala, e em seguida, ele complementou aquela sua contundente grandiloquência :

“TAAAAAAAALLLLLVEZ!”



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