Numa tarde muito quente de fim de inverno (mais de 30 graus), baixa umidade do ar (menos de 15%) e poluição intoxicante em toda esta dantesca megalópole paulistana, encontrei por acaso um grande amigo dos tempos de Faculdade de Medicina, sempre muito dado ao pensamento sem amarras, proferiu o que abaixo transcrevo acerca de momentos presentes e futuros da espécie humana:
"O sexo, desvencilhado um dia, enfim, de toda e qualquer barreira repressiva, vai tornar-se não mais que uma terceira função excretora humana. Enumero-as:
1) Rins: excreção urinária;
2) Trato digestivo: restos fecais;
3) Gônadas, útero, próstata: secreções sexuais.
Liberto de quaisquer barreiras repressivas, dipensado dos esforços transgressores inerentes à história dos amantes desde sempre, esvaziado de todo significado, e de toda emoção; descartada com total segurança a possibilidade 'incômoda e perigosa' da gravidez, 'fazer sexo' será mais uma maneira banal e corriqueira de alívio. Alívio por tudo semelhante ao que se tem ao eliminar flatus, peidar, ou ao evacuar, todavia tendo a vantagem diante destes de não ser necessariamente causador de quaisquer incômodos aos que estiverem próximos, em absoluto! O alívio das secreções sexuais será discreto e solitáro, como o que se tem ao liberar aqueles silenciosos puns sem cheiro, que ninguém chega a denunciar. Ninguém mais, ainda que num mesmo ambiente,será obrigado a perceber os 'orgasmos' de outrem.
Não, não digo que só se praticará a masturbação, com ou sem sextoys, ou filmes pornôs, sabidamente estimulantes de onanistas. Cada um por si, que escolha, onde vai preferir aliviar-se. O que importa é que a pergunta "com quem vai fazer sexo" vai sendo substituída por onde ou com quê se vai tentar fazê-lo. Repare-se que, já há um bom tempo, caiu em desuso a expressão fazer amor!
Há 130 anos, Nietzsche escreveu: "O deserto cresce". Com essa curta frase, quis fazer-nos ver que tudo o que a humanidade vivencia e faz está perdendo com rapidez crescente seu conteúdo e significado, o que aponta para uma época em que só o vazio dos mecanismos, das máquinas, e das coisas restará.
A humanidade bem perto do fim."
Acrescento minha certeza de que, motivando essas reflexões de meu amigo Enrico, não se encontrará nenhum tipo de moralismo! Interpretá-lo assim seria análogo a atribuir a Nietzsche uma condenação da cultura da Renascença européia pelo fato de não crer mais no Deus dos monges da Idade Média. Nada disso! Trata-se tão só de constatar fatos inegáveis, sem atribuir-lhes causas ou apontar os responsáveis por eles. Ninguém é capaz de afirmar saber por quê o deserto não pára de crescer! Tampouco parece possível saber o que tornaria tal tendência, tão forte e evidente, reversível.
Antes de partir, meu amigo sugeriu-me a leitura de um romance, cujo título é 'A Última Coruja',disponível na amazon.com.br como e-book, para talvez saber de alternativas a essa sua tão amarga fala profética.
"O sexo, desvencilhado um dia, enfim, de toda e qualquer barreira repressiva, vai tornar-se não mais que uma terceira função excretora humana. Enumero-as:
1) Rins: excreção urinária;
2) Trato digestivo: restos fecais;
3) Gônadas, útero, próstata: secreções sexuais.
Liberto de quaisquer barreiras repressivas, dipensado dos esforços transgressores inerentes à história dos amantes desde sempre, esvaziado de todo significado, e de toda emoção; descartada com total segurança a possibilidade 'incômoda e perigosa' da gravidez, 'fazer sexo' será mais uma maneira banal e corriqueira de alívio. Alívio por tudo semelhante ao que se tem ao eliminar flatus, peidar, ou ao evacuar, todavia tendo a vantagem diante destes de não ser necessariamente causador de quaisquer incômodos aos que estiverem próximos, em absoluto! O alívio das secreções sexuais será discreto e solitáro, como o que se tem ao liberar aqueles silenciosos puns sem cheiro, que ninguém chega a denunciar. Ninguém mais, ainda que num mesmo ambiente,será obrigado a perceber os 'orgasmos' de outrem.
Não, não digo que só se praticará a masturbação, com ou sem sextoys, ou filmes pornôs, sabidamente estimulantes de onanistas. Cada um por si, que escolha, onde vai preferir aliviar-se. O que importa é que a pergunta "com quem vai fazer sexo" vai sendo substituída por onde ou com quê se vai tentar fazê-lo. Repare-se que, já há um bom tempo, caiu em desuso a expressão fazer amor!
Há 130 anos, Nietzsche escreveu: "O deserto cresce". Com essa curta frase, quis fazer-nos ver que tudo o que a humanidade vivencia e faz está perdendo com rapidez crescente seu conteúdo e significado, o que aponta para uma época em que só o vazio dos mecanismos, das máquinas, e das coisas restará.
A humanidade bem perto do fim."
Acrescento minha certeza de que, motivando essas reflexões de meu amigo Enrico, não se encontrará nenhum tipo de moralismo! Interpretá-lo assim seria análogo a atribuir a Nietzsche uma condenação da cultura da Renascença européia pelo fato de não crer mais no Deus dos monges da Idade Média. Nada disso! Trata-se tão só de constatar fatos inegáveis, sem atribuir-lhes causas ou apontar os responsáveis por eles. Ninguém é capaz de afirmar saber por quê o deserto não pára de crescer! Tampouco parece possível saber o que tornaria tal tendência, tão forte e evidente, reversível.
Antes de partir, meu amigo sugeriu-me a leitura de um romance, cujo título é 'A Última Coruja',disponível na amazon.com.br como e-book, para talvez saber de alternativas a essa sua tão amarga fala profética.
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