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July 7, 2021

Poema do Encontro (Sobre o Amor e suas Ilusões).

Photo by Yana Petkova, from unsplash.com


"Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,

Que felicidade há sempre!"

    --Álvaro de Campos 


Há um vale muito profundo, o que não me impede de visualizar facilmente, aqui do topo deste alto penhasco, o nítido lado oposto, de um azul vívido. Começo a descer a encosta rumo a um, por mim imaginado, caudaloso rio. Embora possa ver, lá defronte e próximos, rochedos e florestas em ricos detalhes, não consigo discernir nada lá abaixo, onde suponho que, como em todo vale, as escarpas opostas se encontrem. Estranho em mim a dúvida absurda acerca da real existência desse inevitável contato entre estes dois maciços montanhosos face a face. Não poderia ser esta a única exceção, em que o nada fosse tudo que existe lá embaixo!
O fato é que nada posso ver, mirando essa direção abissal, além dessas intermináveis vertentes em declive, cujos contornos teminam por dissipar-se num estranho horizonte vertical. Seja neste lado que desço, ou no oposto, em que meus olhos cruzam com os teus.
Tu, viajante que desces, prossegues tua caminhada por dias, meses, anos a fio. Compreendes assim quão altas estas encostas são. Lá abaixo, porém, só existe a profundeza sem fim, fixa, imutável. Não, não vês nenhuma névoa.
Impera assombrosa nitidez nos dois horizontes verticais: aquele de onde vieste e o outro para o qual segues. Ambos te fazem imaginar ser infinitos.
Prosseguimos, décadas afora, rumo ao abismo, sem nada nem ninguém encontrar que possa nos dizer quando, ou se, chegaremos um dia a terreno sem declive.
Agora, ao olharmos para o alto, já nem estamos seguros da veracidade de nossas lembranças de que um dia teríamos partido de um chão plano, horizontal.
Rumamos, agora sem ilusões de que existam rio, lago ou planície aonde chegar.
Cada um de nós mira, então, a vertente oposta, até nossos olhos mais uma vez se encontrarem.
Nem tu, nem eu seremos capazes, em vida, de transpor esse abismo.

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