Seres humanos comunicam-se por palavras e gestos, entre outros meios de apreensão, acerca do que se passa em suas mentes. E compartilham entre si boa dose de ilusão na suposta eficiência da linguagem falada para se conhecerem uns aos outros. Ilusão que se revela na crença comum em uma presumida semelhança que nos permearia a todos, sem exceção. As categorias de sujeito e de objeto, as percepções de tempo, espaço e causalidade são tomadas como universais. A ponto de lidarmos constantemente com um ente abstrato chamado de "homem racional", essência nuclear de tudo que teríamos em comum.
As diferenças, para quem reconhece a sua existência, seriam contingenciais, e tantas vezes foram desprezadas, em nome de uma postulada "igualdade fundamental".
Sempre que nos pomos no lugar de outrem, visando a compreendê-lo ou repudiá-lo, o fazemos por meio da ficção condicional: "eu, em seu lugar, agiria assim assado..." Mesmo sabendo da impossibilidade completa dessa ficção.
A psicologia apareceu quando primeiro alguém tentou entender o funcionamento da "alma humana".
A psicopatologia, surgiu como tentativa de descrever, estudar e talvez até vir a descobrir mecanismos atuantes como causas de transtornos mentais, de comportamentos anormais, de estados de sofrimento psíquico individual, grupal ou coletivo.
Essas duas áreas do conhecimento, cujas tarefas logo se mostraram quase impossíveis, por terem por objeto de estudo o próprio sujeito de qualquer conhecimento: nossas mentes. A mente humana é sujeito e objeto de conhecimento de ambas.
A questão que se impõe passa a ser:
Pode o sujeito humano tomar como objeto de estudo a si mesmo? Ou em outras palavras: qual valor científico pode ser atribuído a dados empíricos derivados da observação que uma mente humana faz de si mesma e/ou de outrem?
Eis uma questão filosófica da maior importância, inevitável pra que se possa decidir em que terreno psicólogos e psiquiatras pisam, sobre o qual pretendem lançar suas sementes teóricas.
Ignorá-la é condenar todo conhecimento acerca da mente humana a um vago palpite, em nada superior a tantas crendices.
Quando psicólogos e psiquiatras tentam ignorá-la, fazem de seu trabalho uma mera repetição habitual de condutas ditas "clínicas", inspiradas em opções ontológicas desconhecidas terceiros. Caso em que sua prática, manca de fundamentação racional, ingênua por ser incapaz de reconhecer as forças que a levam à ação, não passará de serviçal de poderes alheios a qualquer ciência.
Muito se acusa a psicopatologia, ora por propiciar coerção social, em nome de poderes estabelecidos alhures, ora por ser discriminatória, apontando apenas para causas orgânicas em alegados 'transtornos', que não seriam mais que fictícios, simples variações do modo de existir humano. Com frequência se a acusa de estar a serviço da indústria farmacêutica, pura e simples multiplicador de capital, falsa ciência. Acusações improcedentes pelo simples fato de que descrições objetivas não implicam sequer em nosologias, menos ainda em supóstas etiologias. Quem descreve não discrimina, em absoluto, se alguém o faz, interpreta por sua própria conta e risco.
Seria possível dedicar-se seriamente a estudar a mente humana e seus distúrbios sem merecer tais acusações? Em outras palavras: a psicologia e a psicopatologia são de fato ciências possíveis? Nem que essa possibilidade não esteja ainda a nosso alcance?
Opino que sim, ainda que sempre serão extremamente difíceis! Tão difíceis quanto é difícil a um ser humano buscar o bem comum de modo sinceramente despojado de egísmo.
As diferenças, para quem reconhece a sua existência, seriam contingenciais, e tantas vezes foram desprezadas, em nome de uma postulada "igualdade fundamental".
Sempre que nos pomos no lugar de outrem, visando a compreendê-lo ou repudiá-lo, o fazemos por meio da ficção condicional: "eu, em seu lugar, agiria assim assado..." Mesmo sabendo da impossibilidade completa dessa ficção.
A psicologia apareceu quando primeiro alguém tentou entender o funcionamento da "alma humana".
A psicopatologia, surgiu como tentativa de descrever, estudar e talvez até vir a descobrir mecanismos atuantes como causas de transtornos mentais, de comportamentos anormais, de estados de sofrimento psíquico individual, grupal ou coletivo.
Essas duas áreas do conhecimento, cujas tarefas logo se mostraram quase impossíveis, por terem por objeto de estudo o próprio sujeito de qualquer conhecimento: nossas mentes. A mente humana é sujeito e objeto de conhecimento de ambas.
A questão que se impõe passa a ser:
Pode o sujeito humano tomar como objeto de estudo a si mesmo? Ou em outras palavras: qual valor científico pode ser atribuído a dados empíricos derivados da observação que uma mente humana faz de si mesma e/ou de outrem?
Eis uma questão filosófica da maior importância, inevitável pra que se possa decidir em que terreno psicólogos e psiquiatras pisam, sobre o qual pretendem lançar suas sementes teóricas.
Ignorá-la é condenar todo conhecimento acerca da mente humana a um vago palpite, em nada superior a tantas crendices.
Quando psicólogos e psiquiatras tentam ignorá-la, fazem de seu trabalho uma mera repetição habitual de condutas ditas "clínicas", inspiradas em opções ontológicas desconhecidas terceiros. Caso em que sua prática, manca de fundamentação racional, ingênua por ser incapaz de reconhecer as forças que a levam à ação, não passará de serviçal de poderes alheios a qualquer ciência.
Muito se acusa a psicopatologia, ora por propiciar coerção social, em nome de poderes estabelecidos alhures, ora por ser discriminatória, apontando apenas para causas orgânicas em alegados 'transtornos', que não seriam mais que fictícios, simples variações do modo de existir humano. Com frequência se a acusa de estar a serviço da indústria farmacêutica, pura e simples multiplicador de capital, falsa ciência. Acusações improcedentes pelo simples fato de que descrições objetivas não implicam sequer em nosologias, menos ainda em supóstas etiologias. Quem descreve não discrimina, em absoluto, se alguém o faz, interpreta por sua própria conta e risco.
Seria possível dedicar-se seriamente a estudar a mente humana e seus distúrbios sem merecer tais acusações? Em outras palavras: a psicologia e a psicopatologia são de fato ciências possíveis? Nem que essa possibilidade não esteja ainda a nosso alcance?
Opino que sim, ainda que sempre serão extremamente difíceis! Tão difíceis quanto é difícil a um ser humano buscar o bem comum de modo sinceramente despojado de egísmo.
Nenhuma teoria que pretenda ter valor científico, seja de qual ramo for, jamais pode deixar de oferecer-se a prova. Todo saber é, e sempre será, provisório, relativo. O saber absoluto não é humano. Assim, a Física de Galileu superou a de Aristóteles, para ser logo superada pela de Newton. A relatividade de Einstein tornou obsoleta a Física Renascentista e Newtoniana, mas não deu conta da Mecânica Quântica...
Não é preciso forçar muito nossa imaginação para concluir que, num futuro talvez nem tão distante, Einstein, Heisenberg, Bohr, Schrödinger, Stephen Hawking e tantos físicos contemporâneos serão ultrapassados. Suas geniais e complexíssimas teorias não passam de instrumentos de apreensão do mundo, jamais verdades definitivas.
Nas ciências da mente, a validade das proposições, hipóteses e teorias não é diversa disso: são também não mais que instrumentos pra lidar com o mundo que nos cerca. Entretanto, em tudo o que diz respeito às ciências do homem, introduz-se um elemento complicador: os métodos de apreensão das funções psíquicas são subjetivos, dado que derivados da linguagem, direta ou indiretamente.
Não é preciso forçar muito nossa imaginação para concluir que, num futuro talvez nem tão distante, Einstein, Heisenberg, Bohr, Schrödinger, Stephen Hawking e tantos físicos contemporâneos serão ultrapassados. Suas geniais e complexíssimas teorias não passam de instrumentos de apreensão do mundo, jamais verdades definitivas.
Nas ciências da mente, a validade das proposições, hipóteses e teorias não é diversa disso: são também não mais que instrumentos pra lidar com o mundo que nos cerca. Entretanto, em tudo o que diz respeito às ciências do homem, introduz-se um elemento complicador: os métodos de apreensão das funções psíquicas são subjetivos, dado que derivados da linguagem, direta ou indiretamente.
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